Como vos tinha dito recentemente fiz algo diferente, um novo desafio para mim no reino da fotografia. Em parceria com a Assiste - Associação de Solidariedade das Cortes, fui fotografar os seus utentes do centro de dia.
Com equipamento de estúdio e um fundo improvisado para o efeito, lá fui para converter uma das salas do centro de dia em estúdio fotográfico. Do meu ponto de vista foi interessante principalmente para trabalhar as formas de comunicação que uso com as diferentes pessoas que fotografo. Tento sempre fazer com que as pessoas relaxem à frente da câmara, para evitar sorrisos forçados e outras expressões típicas de quem não gosta de ter uma lente apontada à sua pessoa, mas isso torna-se mais difícil quando as pessoas que fotografo não conseguem ouvir ou perceber o que digo porque a idade, que já é alguma, lhes pesa no corpo. Felizmente pude contar com a ajuda de quem trabalha no dia-a-dia na Assiste e entre isso e as minhas conversas, piadas ou gestos, acho que consegui captar boas expressões.
Descobri que havia pessoas que já não eram fotografadas há muito tempo e outras que nunca o tinham sido desta forma. Descobri que havia pessoas que queriam fotografias para os filhos, os netos e os bisnetos, e outras também que as queriam para elas mesmas, para quando deixarem de ser elas mesmas, para ficarem bem representadas.
Descobri que a mesma cara que mostra o peso de toda uma vida pode, um segundo depois, mostrar a leveza de um sorriso se lhe disserem a coisa certa. Vá, agora vão dizer aos vossos velhos que gostam muito deles e vejam a leveza a surgir. Digam-lhes mesmo que eles já não estejam cá, eles hão-de ouvir.